Internações por doenças intestinais crescem 61% em dez anos no SUS
Especialistas alertam para avanço das doenças inflamatórias intestinais e reforçam a importância do diagnóstico precoce
19/05/2025 - 11:05

As internações por doenças inflamatórias intestinais (DIIs) aumentaram 61% no Sistema Único de Saúde (SUS) na última década, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP). O número de pacientes hospitalizados por essas enfermidades passou de 14.782 em 2015 para 23.825 em 2024. A tendência de alta preocupa especialistas e autoridades de saúde.
As DIIs incluem a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, que afetam o trato gastrointestinal e têm origem autoimune. Ambas são doenças crônicas, sem cura, e podem causar sintomas graves como dores abdominais, diarreia persistente, sangramentos intestinais e perda de peso. O diagnóstico precoce é apontado como fator crucial para o controle da progressão e melhora da qualidade de vida dos pacientes.
Segundo a presidente da SBCP, Luciana Villaça, a maior parte dos casos se concentra em adultos jovens, entre 20 e 40 anos. “É uma fase da vida em que o impacto é significativo, tanto emocional quanto profissionalmente. Por isso, o tratamento adequado e o suporte médico especializado são fundamentais”, explica. Ela também destaca que fatores ambientais e genéticos estão entre os gatilhos mais comuns, embora o estresse e a alimentação desregulada possam agravar o quadro.
O aumento das internações reflete, por um lado, o crescimento real da incidência das doenças, mas também pode estar relacionado à maior capacidade de diagnóstico nos últimos anos. Apesar disso, muitas regiões ainda enfrentam escassez de médicos especialistas e dificuldade de acesso a exames, o que pode atrasar o tratamento e levar à hospitalização.
A SBCP defende campanhas públicas de conscientização, melhoria na rede de atenção básica e acesso facilitado a medicamentos de alto custo que compõem a linha de frente do tratamento, como os imunobiológicos. O desafio é evitar que os pacientes cheguem aos hospitais em estágio avançado da doença, o que eleva os custos ao sistema e agrava o sofrimento dos acometidos.