Ministros do STF concentram superinvestigações e ampliam poder político e judicial
Segundo juristas e integrantes do Ministério Público, esse formato dá aos ministros controle sobre processos de grande impacto político e institucional.

09/06/2025 - 11:06

No Supremo Tribunal Federal, grandes inquéritos com múltiplas frentes vêm sendo conduzidos por ministros em investigações cada vez mais amplas e com pouco vínculo direto entre investigados. O fenômeno, batizado por especialistas como “superinvestigações”, ganhou força desde 2019 com o inquérito das fake news, comandado por Alexandre de Moraes, e se intensificou com as apurações sobre tentativa de golpe, milícias digitais, venda de decisões judiciais e desvio de recursos públicos.

Essas superinvestigações estão agora nas mãos de ao menos quatro ministros: Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Kassio Nunes Marques e Flávio Dino. Moraes segue à frente das apurações relacionadas ao 8 de janeiro e a ataques ao sistema eleitoral. Zanin assumiu a chamada “Operação Sisamnes”, que investiga venda de decisões judiciais, lobby empresarial e vazamentos ilegais. O caso, originalmente em tribunais estaduais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, foi absorvido pelo STF com o aval da Procuradoria-Geral da República. Já Nunes Marques coordena a “Overclean”, investigação que apura desvios bilionários em contratos com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). Flávio Dino, por sua vez, tem liderado ações sobre fraudes em emendas parlamentares, contando com apoio da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União.

O avanço dessas frentes concentrou poderes investigatórios no STF e ampliou o papel político do Judiciário. Segundo juristas e integrantes do Ministério Público, esse formato dá aos ministros controle sobre processos de grande impacto político e institucional. Há críticas quanto à falta de critérios claros para a centralização das investigações e à fragilidade dos vínculos entre os alvos.

Enquanto parte do Judiciário defende o modelo como necessário para combater ameaças à democracia e desvio de recursos públicos, opositores alertam para o risco de personalização da Justiça, com ministros ganhando influência direta sobre o ritmo e o alcance das apurações. As decisões tomadas nesses processos têm potencial de afetar partidos, lideranças políticas e o equilíbrio entre os poderes da República.

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