Comércio de Goiás vive fim de ano sem contratações temporárias — e com mais de 5 mil vagas permanentes em aberto
Setor varejista relata escassez de trabalhadores e preocupa lojistas durante temporada de Natal e Black Friday
08/12/2025 - 10:13
O comércio de Goiás está atravessando o fim de ano de 2025 com uma realidade inusitada: apesar do aumento da demanda típico da temporada, não há o tradicional ciclo de contratações temporárias — algo que costumava aquecer o mercado de trabalho nessa época. Segundo o presidente do Sindilojas-GO, a razão não é falta de demanda, e sim a “escassez inédita” de trabalhadores disponíveis.
O número que mais chama atenção é este: o comércio local estima que há cerca de 5 mil vagas permanentes (efetivas) abertas — e esse montante permanece inalterado desde setembro. Segundo o sindicato, a dificuldade não está no volume de ofertas, mas sim na falta de interesse de candidatos em assumir funções fixas de vendedor, caixa, atendimento e outros cargos tradicionais do varejo.
As causas para esse cenário, segundo lideranças e analistas de mercado, vão além da sazonalidade. Entre os fatores apontados:
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A queda da natalidade: há menos jovens na faixa etária típica de entrada no mercado de trabalho, dificultando o recrutamento de mão de obra.
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A preferência por trabalhos flexíveis: muitas pessoas optam por trabalhos alternativos, como entregas ou serviços por hora — que dão mais liberdade de horário e não exigem rotina fixa.
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A comparação com benefícios sociais: com programas de assistência social em vigor, parte dos candidatos avalia que “compensa mais” manter benefícios do que aceitar um emprego formal com salário que, muitas vezes, não compensa a perda.
Como consequência, lojas e shoppings têm dificuldades para contratar, retendo menos temporários e priorizando a busca por efetivos — o que deixa setores como atendimento e alimentação ainda mais desabastecidos. Para atrair candidatos, há aumento nos salários oferecidos: por exemplo, em Goiânia, cargos de vendedor podem pagar entre R$ 2.500 e R$ 3.000, o que supera a remuneração base tradicional.
Esse cenário chama a atenção especialmente no fim de ano, quando o comércio costuma crescer. A falta de mão de obra pode prejudicar o atendimento aos clientes e gerar gargalos na operação — o que preocupa lojistas e pode impactar serviços e vendas.