Crescimento de leitos de UTI no Brasil revela disparidades regionais
Apesar do aumento significativo de leitos de UTI nos últimos 10 anos, a distribuição desigual revela um desafio contínuo para o sistema de saúde brasileiro.
19/11/2024 - 12:11

Nos últimos 10 anos, o Brasil viu um aumento de 52% no número de leitos de unidades de terapia intensiva (UTI), passando de 47.846 em 2014 para 73.160 em 2024. Este crescimento expressivo foi impulsionado principalmente durante os anos de 2021 e 2022, em resposta à pandemia de covid-19. Essas informações são parte do estudo "A Medicina Intensiva no Brasil: perfil dos profissionais e dos serviços de saúde", divulgado pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib).
Apesar deste crescimento significativo, a Amib destaca que a distribuição dos leitos de UTI permanece gravemente desigual, tanto do ponto de vista territorial quanto social. A entidade aponta a necessidade de políticas públicas que promovam uma distribuição mais justa da infraestrutura hospitalar e de profissionais intensivistas pelo país.
Disparidades na Rede Pública e Privada
Em 2024, dos leitos de UTI no Brasil, 51,7% (37.820) estão no Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto 48,3% (35.340) estão no sistema suplementar. Embora os números sejam próximos, a diferença na população atendida evidencia uma grande disparidade: no SUS, com 152 milhões de dependentes, há 24,87 leitos por 100 mil habitantes, enquanto na rede privada, com 51 milhões de beneficiários, a disponibilidade é de 69,28 leitos por 100 mil.
Diferenças Regionais
Entre as regiões brasileiras, o Norte tem 27,52 leitos de UTI por 100 mil habitantes, enquanto o Sudeste registra 42,58 leitos. A densidade média nacional é de 36,06 leitos por 100 mil habitantes, com 19 dos 27 estados abaixo desse patamar. Os extremos vão de 20,95 leitos no Piauí a 76,68 no Distrito Federal.
Crescimento de Especialistas em Medicina Intensiva
O número de médicos especialistas em medicina intensiva no Brasil cresceu 228% entre 2011 e 2023, totalizando 8.091 intensivistas em 2023. No entanto, a distribuição destes profissionais segue a tendência de desigualdade observada nos leitos de UTI, com concentrações maiores nas regiões Sudeste e Centro-Oeste e números significativamente menores no Norte e Nordeste.
Desigualdade nas Capitais e Interior
A densidade de intensivistas nas capitais brasileiras é de 14,28 por 100 mil habitantes, cinco vezes maior do que nos demais municípios (2,84). O Distrito Federal tem a maior densidade de intensivistas do país, com 14,06 especialistas por 100 mil habitantes, em contraste com estados como o Amapá, que conta com apenas cinco intensivistas, resultando em uma densidade praticamente nula.
Essas disparidades ressaltam a necessidade de estratégias mais eficazes para garantir uma distribuição equitativa dos recursos de saúde, promovendo um acesso mais justo e eficiente ao atendimento intensivo em todo o país.