10 anos sem Cristiano Araújo: a carreira e o legado que marcaram o Brasil
A morte deixou uma lacuna sentida até hoje nos palcos, nas playlists e no coração dos fãs.

24/06/2025 - 12:06

Se você viveu Goiânia entre 2010 e 2015 e tem mais de 30 anos, é bem provável que tenha uma história com Cristiano Araújo. Seja uma foto, um after, uma resenha ou um show inesquecível, o sertanejo fazia parte da cena da cidade como poucos. Cristiano pulsava Goiânia. Era quase a personificação do que a capital representava para o universo sertanejo.
 
Dono de uma voz potente, de um carisma magnético e de uma entrega no palco que conquistava do barzinho às arenas lotadas, Cristiano marcou uma geração e ajudou a moldar o cenário do sertanejo. Neste 24 de junho, o trágico acidente que tirou a vida do cantor e da namorada, a jovem Allana Moraes, completa 10 anos. A morte deixou uma lacuna sentida até hoje nos palcos, nas playlists e no coração dos fãs. Uma história marcada por sucessos, afeto e intensidade, que segue viva em cada homenagem e, principalmente, na memória de quem viu Cristiano Araújo brilhar.
 

Cristiano Araújo (foto: reprodução)

Presença que marcou gerações
Cristiano Araújo vive no coração de milhares de fãs e também na memória afetiva de colegas de estrada, como os compositores e empresários Amanda Borges e Zé André. Ambos conviveram com o artista em momentos marcantes da música sertaneja em Goiânia e carregam, até hoje, as lições de garra, entrega e generosidade que ele espalhava por onde passava.
 
Amanda, que se mudou de Catalão para a capital em busca do sonho de viver da música, conheceu Cristiano nos bastidores, quando ele ainda dava os primeiros passos na carreira solo. “Lembro dele com muita sede de vencer, determinado, com brilho nos olhos e muita vontade de fazer acontecer”, contou Amanda à reportagem do jornal A Redação. “Tudo o que conversávamos girava em torno disso: da música, da entrega e da paixão por esse caminho.”

Cristiano Araújo e Amanda Borges (foto: divulgação)
 
Zé André, por sua vez, fazia dupla com Felipe Araújo, irmão caçula de Cristiano, e lembra com carinho do apoio que recebiam. “O Cristiano virou pra gente e disse que apostaria todas as fichas. Ele acreditava antes mesmo de acontecer. Até brincou que, se dependesse dele, a gente ia estourar antes do Zé Neto & Cristiano”, relembrou o cantor. A última postagem feita por Cristiano nas redes sociais antes do acidente foi, inclusive, um convite para o show da dupla Felipe & Zé André.
 

Dupla Felipe e Zé André (foto: divulgação)
 
Uma lembrança marcante uniu Amanda, Zé André e Felipe Araújo poucos dias antes da tragédia: uma madrugada recheada de conversas, canções inéditas e reflexões. “Ele cantou ‘De Quem é a Culpa’ só no violão, antes mesmo da música ser lançada. Foi forte. Me arrepiou inteira”, contou Amanda. “Aquela música representa muito pra mim, por ele, pela Marília, pelos dois que foram gigantes e partiram cedo demais.”
 
Zé André também lembra daquela noite com saudade. “A gente ficou ali ouvindo, conversando sobre mentalizar o sucesso, sobre acreditar. Foi uma aula. O Cris era mais que um artista, era luz. Inspirava só de estar por perto.”
 
Amanda também guarda um momento especial: a vez em que Cristiano quis gravar uma composição dela, chamada “Infinito”. “Ele adorava essa música. Disse que queria muito gravar, mas na época meus empresários não liberaram. Isso ficou marcado pra mim, o carinho que ele tinha pela música dos outros.”
 
Para ambos, Cristiano deixou um legado que vai muito além do repertório de sucessos. “Ele era completo. Cantava românticas com alma, agitava multidões com as dançantes. E fora do palco era humilde, generoso, amigo”, resumiu Zé André. “Virou referência pra todo mundo que faz música em Goiânia.”
 
Dos barzinhos de Goiás ao sucesso nacional 
Cristiano Araújo nasceu para brilhar. O goiano começou cedo a trilhar o caminho que o levaria ao topo do sertanejo nacional. Aos 6 anos, ganhou o primeiro violão e, ainda criança, já arriscava os primeiros acordes. Aos 9, se apresentou pela primeira vez em público, e aos 10 já chamava atenção por compor suas próprias músicas. 
 

Cristiano Araújo (foto: reprodução)
 
Aos 17 anos, Cristiano decidiu formar uma dupla sertaneja e seguiu por esse caminho durante seis anos. Mas foi ao apostar na carreira solo que sua vida mudou de vez. Em 2010, com 24 anos, lançou o projeto que mudaria de vez a sua história: Efeitos Tour 2011. Com participações especiais de Gusttavo Lima e do cantor Jorge (da dupla Jorge & Mateus), o DVD impulsionou Cristiano nacionalmente com a faixa “Efeitos”, que rapidamente virou hit em todo o país.
 
A partir daí, a agenda de shows do cantor virou uma maratona. Fazia em média 20 apresentações por mês e seguia conquistando fãs por onde passava. Em 2012, lançou Ao Vivo em Goiânia, e no ano seguinte o álbum de estúdio Continua, que trouxe o sucesso “Maus Bocados”, uma das músicas mais marcantes da carreira. Em 2014, lançou seu último DVD, In The Cities, gravado em Cuiabá. A turnê levou o artista para os Estados Unidos e Europa.
 
Dono de um timbre forte e presença cativante, Cristiano virou um fenômeno. Suas músicas estavam entre as mais tocadas das rádios, e hits como “Mente pra mim” e “Caso Indefinido” embalavam festas e corações. O cantor goiano era a cara da nova geração do sertanejo: jovem, romântico, intenso e cheio de carisma.
 
A fama, no entanto, também trouxe manchetes polêmicas. Em agosto de 2012, o cantor foi preso em Goiânia por perturbação do sossego no condomínio Jardins Madri. O episódio ganhou repercussão nacional, com Cristiano sendo algemado por policiais e levado ao 20º Distrito Policial. A prisão virou notícia nos principais jornais do país, uma prova de que ele já havia se tornado uma figura pública conhecida em todo o Brasil.


 
Reprodução: A redação

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