Risco de desabamento no aterro sanitário de Goiânia acende alerta ambiental
Relatório técnico aponta falhas estruturais graves e ausência de monitoramento de gases; especialistas temem desmoronamento com impacto direto à saúde pública e ao meio ambiente

27/06/2025 - 08:06

O aterro sanitário de Goiânia, localizado na Região Noroeste da capital, está sob risco iminente de desabamento, segundo relatório técnico obtido por meio de fiscalização ambiental. O documento revela que o local opera sem sistemas adequados de controle de gases, como metano, e sem acompanhamento estrutural, o que representa ameaça direta à segurança, ao meio ambiente e à saúde das populações do entorno.

Entre os principais problemas listados no relatório estão a falta de monitoramento da emissão de gases, instabilidade das camadas de resíduos e ausência de infraestrutura para contenção em caso de colapso. O modelo de disposição de lixo, conhecido como "bolo de noiva", agrava o risco: esse tipo de empilhamento já provocou deslizamentos em aterros similares, como o de Padre Bernardo (GO), no Entorno do Distrito Federal, que teve parte da área interditada após a contaminação de córregos e solo.

A situação do aterro de Goiânia já havia motivado uma determinação judicial, em abril deste ano, para sua interdição progressiva. O motivo foi o descumprimento de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre a Prefeitura e o Ministério Público de Goiás, além da operação sem licenciamento ambiental válido.

De acordo com especialistas em engenharia sanitária e ambiental, a ausência de instrumentos de drenagem e contenção, somada à instabilidade estrutural, pode resultar no desmoronamento da massa de resíduos. Isso traria consequências como contaminação do lençol freático, proliferação de doenças e necessidade urgente de realocação do lixo da capital, o que causaria impacto logístico e financeiro.

Em nota, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) afirmou que o aterro “segue as melhores práticas de engenharia sanitária” e que “medidas de monitoramento e reforço estrutural estão em andamento”. No entanto, o relatório técnico indica que nenhuma intervenção efetiva foi comprovadamente implantada até agora.

O Ministério Público estadual já protocolou ação contra a Prefeitura de Goiânia e contra a empresa responsável pela gestão do aterro, cobrando indenizações por danos ambientais e aplicação de multa no valor de até R$ 45 milhões.

A crise no aterro reacende o debate sobre a política de resíduos sólidos em Goiânia e a necessidade urgente de alternativas sustentáveis para o destino do lixo urbano. Sem intervenção imediata, o risco de uma tragédia ambiental se torna cada vez mais concreto.

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