Economia dos EUA contrai 0,5% no 1º trimestre pela pressão de tarifas e queda no consumo
Especialistas associam a queda ao “tarifaço” do presidente Trump, que impôs taxas elevadas sobre produtos de aliados estratégicos como União Europeia, México, Canadá e China.
27/06/2025 - 11:06
A retração surpreendeu economistas, que esperavam queda de apenas 0,2%. Representa a primeira contração desde o segundo trimestre de 2022. O recuo no consumo foi acentuado, atingindo a menor taxa dos últimos quatro anos, enquanto as importações cresceram de forma expressiva — uma reação de empresas para anteciparem compras antes da aplicação das tarifas .
Especialistas associam a queda ao “tarifaço” do presidente Trump, que impôs taxas elevadas sobre produtos de aliados estratégicos como União Europeia, México, Canadá e China. O movimento desencadeou reação das empresas, que estocaram produtos para driblar custos — escolhendo pagar tarifas antecipadamente — e jogou incerteza sobre a economia doméstica.
Com essa contração, as perspectivas de crescimento dos EUA foram recalibradas: o JPMorgan estima que o PIB crescerá apenas 1,3% em 2025 (ante os 2% previstos anteriormente), e aponta 40% de chance de recessão ainda em 2025. A combinação de inflação persistente e crescimento fraco caracteriza um quadro de “stagflação”.
O impacto político também é relevante: indicadores de confiança do consumidor chegaram ao menor nível desde maio de 2020, refletindo apreensão frente às tarifas. CFOs americanos relataram que 40% das empresas suspenderam investimentos por causa da incerteza gerada pelas taxas comerciais.
Perspectivas e consequências
O Federal Reserve deve manter os juros elevados por mais tempo, adiando cortes até o final de 2025 ou início de 2026 para conter a inflação, segundo analistas do JPMorgan. A pressão por políticas comerciais mais previsíveis cresce nos mercados e entre as potências comerciais — tanto na UE quanto no Canadá e México — que já ameaçam retaliações .
Enquanto isso, a alta dos custos de importação permanece no radar dos consumidores, que já arcam com inflação no varejo. As incertezas só aumentam, e a economia americana entra em rota desafiadora: desaceleração do consumo, tarifas elevadas e risco de recessão em um cenário de inflação persistente.