Golpes em lojas de luxo fazem vítimas perderem carros e quantias milionárias em Goiás
Esquemas sofisticados com consignação e fachada de luxo têm lesado dezenas de pessoas em Goiânia
04/07/2025 - 12:07

Golpes envolvendo a venda e consignação de veículos com aparência de legalidade vêm crescendo em Goiás, especialmente em Goiânia e Aparecida de Goiânia. Estelionatários utilizam lojas físicas bem montadas — algumas com carros de luxo em exposição — para atrair vítimas, que entregam seus veículos acreditando estar negociando com profissionais, mas acabam lesadas, conforme alerta das advogadas Josicleide do Carmo (OAB-GO) e Fernanda Souza Silva. As fraudes ocorrem em duas modalidades: consignação física, em que o carro fica na loja, e online, quando a loja anuncia o veículo mas retém documentos. Em ambos os casos, o carro é vendido sem repasse ao proprietário original, frequentemente por valor abaixo do mercado.
Um dos casos mais graves envolve a Meta Agency, concessionária no Setor Bueno, cujos sócios Maycon Batista Marra e Daniele Gomes Brandão Marra foram presos por estelionato e associação criminosa. A empresa enfrenta pelo menos 71 processos, e, só em 2025, mais de cem vítimas foram identificadas. O empresário Luiz Nogueira teve prejuízo de quase R$ 600 mil ao tentar vender um Porsche Macan e uma Mercedes‑Benz GLC 250, que foram vendidos pela Imports e repassados à Meta sem o devido pagamento. A Mercedes foi recuperada judicialmente, mas o Porsche permanece bloqueado.
Os golpes são facilitados por cheques sem fundos e transferência sem recebimento, e mesmo após denúncias e prisões, muitas das empresas continuam operando por semanas. A advogada Josicleide destaca que “no Brasil, o estelionato compensa”, já que os criminosos dilapidam patrimônio antes da ação judicial, dificultando ressarcimento — em um caso o bloqueio judicial de 30 contas somou apenas R$ 900.
A Polícia Civil de Goiás já agiu em operações que fecharam lojas e apreenderam veículos — inclusive bloqueando cerca de R$ 3 milhões e suspendo atividades da Meta —, mas o delegado responsável, Leonardo Dias Pires, afirma que as investigações seguem em curso. Advogadas recomendam cuidados redobrados: só transferir o carro após pagamento integral, exigir contratos com assinatura de todos os sócios, solicitar nota fiscal, checar CNPJ, consultar Reclame Aqui e conversar com vizinhos do estabelecimento.
Segundo lojistas sérios do setor, como o empresário Joel Pereira da Nova Multimarcas, golpes em lojas “garagem” prejudicam todo o mercado, afetando a confiança do consumidor. O alerta é claro: mesmo lojas com estrutura sofisticada podem enganar usuários.