Bolsa Família faz 1 em cada 2 famílias deixarem a força de trabalho, aponta estudo da FGV
Pesquisa revela que, após aumento do benefício, participação em empregos formais e mercado de trabalho caiu entre beneficiários — especialmente homens jovens nas regiões Norte e Nordeste.
22/08/2025 - 08:50
Um estudo do FGV Ibre, conduzido pelo pesquisador Daniel Duque, identificou que a cada duas famílias que passam a receber o Bolsa Família, uma sai da força de trabalho. A análise compara grupos recém-incluídos no programa com famílias em situação semelhante que não são beneficiárias.
Segundo o estudo, a taxa de participação no mercado de trabalho caiu 11% entre os beneficiários, enquanto as chances de estar empregado e ter um emprego formal recuaram respectivamente 12% e 13%. O impacto é mais acentuado entre homens jovens de 14 a 30 anos, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.
Duque destaca que, mesmo com regras de desligamento gradual, a percepção de manter uma renda segura via benefício federal acaba pesando mais do que buscar estabilidade por meio de trabalho formal. E alerta para os efeitos de longo prazo: o adiamento da entrada no mercado de trabalho retarda o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, disciplina e experiência prática — elementos essenciais para o capital humano.