Megaoperação “Carbono Oculto” desmonta esquema bilionário do PCC em combustíveis e finanças
Mais de 1.400 agentes cumprem mandados contra uma rede criminosa ligada ao PCC que operava com postos de combustíveis, adulteração de produtos e lavagem financeira via fintechs — uma das maiores ações contra o crime organizado no país.
28/08/2025 - 08:35
Uma operação coordenada por uma ampla força-tarefa — envolvendo cerca de 1.400 agentes — foi deflagrada na manhã desta quinta-feira, 28 de agosto de 2025. A ação, batizada de “Carbono Oculto”, visa desarticular um sofisticado esquema do PCC (Primeiro Comando da Capital) que atuava nos setores de combustíveis e financeiro. São mais de 350 alvos entre pessoas físicas e jurídicas em ao menos oito estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.
As investigações apontam que os criminosos movimentaram cerca de R$ 30 bilhões por meio de uma complexa cadeia que envolvia empresas de importação, distribuição, fabricação e venda de combustíveis, além de fintechs e fundos de investimento para lavar o dinheiro. A fraude fiscal é estimada em R$ 7,6 bilhões. Uma fintech atuava como “banco paralelo”, movimentando R$ 46 bilhões entre 2020 e 2024 de forma ocultada por contabilidade paralela.
O esquema envolvia adulteração nos postos de combustíveis — como bombas manipuladas (“bomba baixa”) e uso de combustíveis fora das especificações — além da importação ilegal de insumos como metanol, que era desviado para adulterar gasolina e etanol. A ação colocava em risco tanto consumidores quanto o meio ambiente e a segurança pública.
Além dos mandados de busca e prisão, a operação já bloqueou cerca de R$ 1,4 bilhão em bens ligados aos investigados, como imóveis, veículos e ativos financeiros. O Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos de São Paulo (CIRA/SP) planeja usar esses recursos para compensar os tributos sonegados.